sexta-feira, 2 de agosto de 2013
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Zé Bruno
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Você encontrou o que queria?
Há um grande conflito em curso dentro de muita gente. Ouço pessoas e aconselho outras que carregam uma grande insatisfação no que diz respeito às suas conquistas pessoais. Fazem tudo certo e não sabem por que as coisas estão dando errado. Frequentam a Igreja nos dias certos, cantam do jeito certo, ofertam no lugar certo, oram com a perseverança e o fervor corretos, profetizam os textos que lhes ensinaram e tomaram posse da coisa certa. Porém depois de fazer tudo certo, veem diante de seus olhos um resultado diverso. Estão vivendo algo diferente do que desejariam viver.
Oramos, e servimos a Deus por resultados?
Qual dos dois está errado; o caminho que trilhamos ou a expectativa que criamos?
Qual dos dois está errado; o caminho que trilhamos ou a expectativa que criamos?
O evangelho triunfalista nos empolga, mexe com a nossa “fé”, e nos induz projetar nossa alegria no resultado que Deus pode nos dar, e não na graciosa pessoa que Deus é. Quando eu era garoto cantava;
“O brilho deste mundo se apaga ante ti, a glória desta terra nada é”. Hoje cantamos;
“Deus vai me dar o melhor desta terra, vou conquistar o mundo”.
“O brilho deste mundo se apaga ante ti, a glória desta terra nada é”. Hoje cantamos;
“Deus vai me dar o melhor desta terra, vou conquistar o mundo”.
Como é possível viver uma vida com Deus e não estar satisfeito?
Como pode alguém encontrar a salvação, a ressurreição e a vida e se sentir morto?
Temos Jesus e somos infelizes?
Mas ele não é a nossa alegria e a nossa realização? Ou nossa alegria e realização são as coisas que ele pode nos dar?
Será que não somos insatisfeitos por desejar ter o que Paulo disse que era esterco? Por projetar nossa satisfação em coisas que nunca satisfarão.
Como pode alguém encontrar a salvação, a ressurreição e a vida e se sentir morto?
Temos Jesus e somos infelizes?
Mas ele não é a nossa alegria e a nossa realização? Ou nossa alegria e realização são as coisas que ele pode nos dar?
Será que não somos insatisfeitos por desejar ter o que Paulo disse que era esterco? Por projetar nossa satisfação em coisas que nunca satisfarão.
Será mesmo que sua ansiedade por conquistas terrenas é a melhor coisa que Deus tem a te dar?
Tenho pensado e falado muito sobre isso. Tenho batido bastante nesta tecla. Servimos a Deus por convicção de fé, por rendição, por sermos salvos, por dependência, por gratidão e por que isso nos faz felizes, e não porque vamos conquistar posses ao segui-lo.
O que você procurava quando encontrou a Deus? Era o que você desejava? Era o que você buscava?
Jesus é tudo que você queria?
Jesus é tudo que você queria?
Jesus disse a seus discípulos que pra ele, comida e bebida, era fazer a vontade do pai e realizar a sua obra. Ele se satisfazia, se saciava, realizando a vontade do pai.
Como alguém pode dizer que é feliz por ter aberto mão de sua vontade para fazer a vontade de outra pessoa?
Não é comum ver alguém contando como testemunho com alegria o fato de que a sua vontade não foi feita, e sim a de Deus. Pra nós, testemunho feliz, é aquele onde podemos declarar que o que queríamos que acontecesse, aconteceu.
É possível que alguém busque a Deus porque está perdido, porque precisa de uma resposta, precisa de um livramento. Talvez a condição de derrota e perda levaram esta pessoa até ele. Quando esta pessoa o encontra, três coisas podem acontecer.
Primeira – tudo que se esperava aconteceu.
Segunda – aconteceu mais ou menos o que se esperava.
Terceira – não aconteceu nada do que se esperava.
Segunda – aconteceu mais ou menos o que se esperava.
Terceira – não aconteceu nada do que se esperava.
Qualquer que seja a alternativa, o mais importante é que descobrimos que a coisa mais incrível que nem procurávamos ou esperávamos aconteceu, nós o encontramos, encontramos a vida, encontramos Jesus.
Encontramos a sua graça, o seu perdão. Encontramos a reconciliação com Deus, o caminho de vida. Encontramos a sua vontade e o seu amor.
Melhor do que ter encontrado o Deus que pode fazer o que quero, é ter encontrado o Deus.
Ele é melhor do que o que ele pode nos dar. Ele é mais importante do que as coisas que ele pode realizar na terra. A sua obra de graça e redenção, é a coisa mais incrível que eu e você poderíamos ter encontrado.
Se o fato de termos encontrado o Reino não nos faz feliz é porque não temos ideia do que encontramos.
O Reino de Deus é como se um homem encontrasse um tesouro enterrado num campo. O tesouro é mais importante do que o campo. Ele trabalha e faz de tudo pra comprar o campo, não pelo campo, mas pelo tesouro.
Não se sinta insatisfeito pelo que você não conquistou. Não se preocupe se o que você esperava não aconteceu. O que você precisa não é o que você pensa que Deus pode te dar. O que você precisa já é o próprio Deus.
A nossa confusa religião (não sei se há alguma que não o seja, acho que não), quer nos induzir a uma satisfação relativa. Ela nos dita padrões de vida e de sucesso que mais se aproximam dos padrões doentes de uma sociedade perdida, do que dos padrões divinamente equilibrados do evangelho.
É nos imputado um padrão de felicidade religioso-triunfalista e nos comparamos a ele pra nos sentirmos fracassados ou bem sucedidos. E isso está errado.
Lembre-se de quem era e deixou de ser. Lembre-se de quem tinha e deixou de ter. Lembre-se de quem estava e deixou de estar. Lembre-se de quem nos disse “quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” .
Admita ao menos a hipótese de que ser, ter e viver o que Deus deseja, deva ser algo infinitamente melhor do que viver o que a nossa carne humana deseja.
Não sei se você sabia disso, mas sua alegria não depende de suas conquistas humanas, mas depende do fato de que ele te conquistou com amor na cruz.
Não sei se você já sabia disso, mas encontrar Jesus é encontrar tudo que você precisa.Talvez você não tenha percebido, mas ele é.
Cuidado pra não correr atrás do que você não precisa, pra ter a alegria que você não percebeu que já tem.
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terça-feira, 30 de abril de 2013
Pensando na Fé II
Fazia tempo que eu não visitava o blog, já
estava na hora de dar as caras.
Estive conversando na Igreja sobre a oração e
a fé. Estamos estudando o sermão do monte passo a passo e é muito desafiador
assumir o comportamento ditado por Cristo, por ser tão antagônico ao nosso
comportamento humano pecaminoso, decaído.
Dói demais assumirmos ser o que somos,
reconhecermos o que não somos e incorporarmos com naturalidade o que Deus quer
que sejamos.
Jesus disse que nossas orações não deveriam
ser como a oração dos gentios, que por incansáveis repetições pensavam que
seriam ouvidos. Deveríamos saber que nosso Pai que está no céu conhece nossas
necessidades antes mesmo de lho pedirmos.
Qual é o nosso problema?
Vejo a onda da prosperidade, da conquista e do
triunfalismo, arrastando multidões para uma busca pela fé e eu pergunto: Deus me chama para que eu o encontre e Ele
cumpra minha vontade, ou eu o encontro e passo ser instrumento da sua vontade?
Os gentios faziam orações longas e
repetitivas e achavam que essa insistência lhes traria sucesso em sua busca. De
novo me pergunto: Fé é orar muito pra receber, ou é orar pouco por ter a
certeza que Deus já sabe o que preciso?
É óbvio que perseverança é um elemento
presente em nossa caminhada cristã, mas eu me questiono outra vez: Devo perseverar
em viver a vontade de Deus ou perseverar em pedir o que quero até que ele mude
de ideia e me conceda a minha vontade?
A mim me parece que todos os dias somos
sugestionados a viver uma vida que não é a nossa vida.
O mercado nos sugestiona o que ter e o que
comprar. A sociedade me sugestiona um comportamento, um modo de vida. A classe
social na qual estamos inseridos nos sugestiona os bares e restaurantes que
devemos frequentar. O salário que ganhamos nos sugestiona o carro que devemos
ter e o tipo de gente com as quais devemos nos relacionar. Os amigos nos influenciam, cobram nossas ações
e reações e somos sugestionados a ter um comportamento aceitável no clã. Nosso
diploma nos sugestiona, nossa idade nos sugestiona, e se essas e muitas outras
situações não fossem suficientes ainda somos tentados pela nossa própria cobiça
e sugestionados todos os dias e pelo diabo que nos rodeia.
Depois de tudo isso vem a religião, a “malfadada”
religião que nos sugestiona a viver, ter, ser e crer em coisas que nem sabemos
se precisamos. Ela diz que seremos
opróbrio se não recebermos uma promoção, que não nos sentiremos abençoados se
não trocarmos de carro. Ela nos ensina a fazer luta espiritual pra que Deus nos
conceda bens, e diz que quando os temos é porque Deus nos honrou e se não os
temos estamos em desonra.
Tem coisa pior. Tem a roupa evangélica, a
moda evangélica, a música evangélica, os programas evangélicos nas rádios
evangélicas e nas Tvs evangélicas. Malharia gospel, restaurante gospel, show
gospel, moda gospel, corte de cabelo gospel feito pela cabeleireira gospel. Tem
o advogado gospel e o médico gospel. Devo comer na cantina gospel da Igreja e
votar em candidato gospel.
Tem bancada evangélica e opinião evangélica,
e você tem que engolir.
Gravadora gospel, porto de gasolina gospel.
Condomínios evangélicos e cemitérios evangélicos.
Você acha que a religião não nos sugestiona?
Jesus nos livrou da maldição da lei, mas a
gente sempre encontra outras pra nos enfiarmos de novo. O conselho de Paulo aos
Gálatas precisa ser entendido no seio de nossas comunidades. Fomos chamados
para a liberdade, não podemos de novo nos sujeitar a um novo jugo de
escravidão.
Deus sabe o que precisamos. O Logos de Deus é
tudo que precisamos pra viver. Nossa ansiedade deve ser aplacada pela
verdadeira fé na ciência e provisão de Deus. Nossa perseverança em servi-lo
deve ser nossa marca. A sua vontade em nós e não a nossa nele, deve ser o nosso
desejo.
É bem isso que diz a oração que Ele nos
ensinou. Primeiro honrar seu nome, depois desejar o seu reino, depois pedir a
sua vontade. Só precisamos do pão de cada dia que alimenta nosso corpo, e o
perdão que nos restitui a comunhão e vida.
Sei lá, acho que é isso...
terça-feira, 26 de março de 2013
Disposição e Compaixão
Estava
pensando na passagem em que Jesus entra na cidade de Naim e se depara com um
cortejo fúnebre. Uma mulher viúva está sepultando o seu único filho. O texto
diz que Jesus se compadeceu dela e por isso tocou o menino ressuscitando-o e o
restituiu à sua mãe.
Sei
que a compaixão não é um sentimento exclusivo de nós cristãos, mas entendo deva
ser inerente. Qualquer pessoa no mundo pode se compadecer de seu próximo e também existem
pessoas que não tem compaixão alguma. No mundo posso encontrar gente de compaixão e
gente indiferente, mas entre nós, corpo de Cristo, a compaixão não pode faltar.
Vivemos
num mundo de indiferença e individualidade. O mundo pode ser assim, mas nós não
podemos ser assim.
Fiquei
pensando no sentimento de Jesus. Ele se compadeceu porque era uma mulher viúva,
ou seja, já havia sepultado o marido, e agora sepultava o seu filho único. A
vida é dura. Pessoas sofrem todo dia em todos os lugares.
Por
conhecer a situação daquela mulher, Jesus se colocou no lugar dela, no lugar de
alguém que não apenas viveria na solidão, mas na solidão somada à memória da
perda de seu marido e seu filho.
Quem
conhece se compadece.
O problema é que não temos tempo pra nos envolver com o
problema de ninguém. Não quero dizer que esta seja uma regra, sei que tem gente
que não se importa com ninguém, mesmo conhecendo a dor de seu próximo. Mas
falando de gente que tem Deus dentro de si, falando de gente sensível ao que
acontece ao seu redor, acho que posso estar certo.
Precisamos
nos dispor a conhecer, a entrar na vida das pessoas, a penetrar o raio de ação,
sentir o coração de quem sofre. No PAM deste semestre, ouvi uma frase do Ziel
Machado que tem tudo a ver com isso:
“Pastorear
é habitar a dor alheia”
Sabemos
o que é fazer o bem, só resta saber se fazemos porque é nosso papel fazer o
bem, ou porque nos sentimos movidos a fazer o bem.
Jesus
entrou na nossa vida, entrou no nosso mundo, viveu a nossa realidade. Jesus habita
em nós, conhece tudo dentro de nós, sabe bem o que passamos. Ele se dispôs, ele
se humilhou.
Disponhamo-nos a habitar a dor alheia, compadeçamo-nos de quem
está ao nosso redor. Sejamos Igreja, sejamos o corpo cuja cabeça é Jesus. O que
ele pensa e sente, pensemos nós e sintamos nós.
quarta-feira, 6 de março de 2013
O Remetente e o Destinatário
Não há nada mais “Mr Bean” do que enviar um cartão postal para si
próprio e ficar feliz por ter recebido. Deve ser engraçado você fazer uma
lista de elogios e de palavras de incentivo a você mesmo e enviar para o seu
próprio email, e depois mostrar para os amigos o elogio que foi recebido como
se não tivesse sido feito por você mesmo. Pior ainda será se você chorar e se
emocionar por ter recebido a carta ou o email, sentindo-se tocado pelas
palavras lindas que foram escritas, como se não fosse tudo feito por você
mesmo! Seria tão tolo quanto ridículo.
Jesus contou uma parábola interessante sobre o fariseu e o
publicano, e disse:
Lucas 18.10 Dois homens subiram ao
templo com o propósito de orar: um fariseu e o outro, publicano. 11 O fariseu, posto em pé, orava de si
para si mesmo desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais
homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano.
O fariseu orava de si para si mesmo
O fariseu orava “de si para si mesmo”. Não havia comunicação com
Deus, havia uma coincidência, o remetente e o destinatário eram a mesma pessoa.
Um certo orgulho, uma certa prepotência e autossuficiência estavam
expressas ali naquela oração.
Olhamos pra essa parábola e achamos que o fariseu em questão agia
com hipocrisia, porém isso é muito comum nos dias de hoje.
Muitas músicas hoje fazem as mesmas afirmações, somos gente que
canta de si para si mesma o tempo todo. Eu já fiz isso, confesso, perdão
Senhor...
Hoje penso em tudo que canto. Coisas tipo “Eu sou vencedor”,
“Vou conquistar”, “Vou avançar”, “Deus vai fazer isso ou aquilo por mim”, “Sou
importante para Deus”, “Meu testemunho vai impactar o mundo”, me soam como uma
música de autoajuda, e não um momento de louvor.
Costumamos chamar isso de louvor, mas o que deveria ser algo vertical,
ou seja, de nós para o nosso Deus, na verdade é horizontal, do homem para outro
homem, e na maioria das vezes confundindo o remetente com o destinatário, de si
para si mesmo.
Entendo que às vezes cantamos versos das profecias de Deus a
Israel, e nos enxergamos ali, compreendo que ao cantar o que Deus faz por nós
exaltamos seu poder realizador.
Há canções muito lindas que contém testemunhos pessoais que
glorificam a Deus. Mas é preciso reconhecer que muitas vezes cantamos que Deus
faz coisas que ele não faz, sem saber se ele vai fazer, ou cantamos coisas que
ele diz e que na verdade não disse, ou seja, mandamos a carta para o nosso
próprio endereço. Colocamos na boca de Deus o que gostaríamos que estivesse lá.
Na verdade canta-se de si para si mesmo. Vitórias e triunfos que emocionam,
fazem chorar e levam o povo a uma catarse coletiva, mas Deus é apenas um
espectador externo, nada chega a ele. Sai da boca do homem para o coração do
próprio homem.
Tudo bem, de vez em quando, uma musica ou outra, vá lá, mas o
tempo todo...
Valei-me Paulinho da Viola...
“Tá legal, eu aceito o argumento...
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada tá sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim...”
Não faça do momento de exaltação a Deus, apenas um momento de
ativação motivacional para você mesmo.
E quanto às profecias? A mesma coisa.
Fundamentalmente quem profetiza fala algo que vem de Deus para o
homem. O profeta recebe algo que não é dele, não partiu dele, ele é apenas o
mensageiro. O pregador prega o que leu e aprendeu de Deus, na palavra de Deus e
nas experiências de vida proporcionadas e guiadas por Deus.
Hoje o mais comum é ouvir palavras de ordem como “Profetize”, ou
seja “fale o que você quer, que Deus vai fazer por você”.
Vemos na Bíblia profetas que receberam algo de Deus e resistiram
em falar. Hoje o homem quer profetizar o que quer e Deus precisa resisti-lo
Quem manda em quem? Deus manda e o homem profetiza? Ou o homem
profetiza o que quer, e Deus o obedece?
O remetente e o destinatário infelizmente em muitas situações têm
sido a mesma pessoa. Pessoas são ensinadas a profetizar para si mesmas, ou
virar para o irmão ao lado e profetizar o que quiser. O pior é que se
emocionam, choram, eu já fiz isso!!! Deus do céu! Não foi Deus, foi o homem!!
Se pudermos profetizar o que quisermos e assim obrigar Deus a
realizar o que profetizamos, então qual a razão de se ter um Senhor?
Os servos já dão conta do recado. Vamos dar férias para Deus!
O que me entristece é ver uma multidão de feridos e decepcionados
contra Deus. Cantaram, profetizaram e creram, e Deus não estava lá. Estão
decepcionados contra Deus que não tem nada a ver com isso. Oraram de si para si
mesmos. Cantaram de si para si mesmos, profetizaram de si para si mesmos, e
Deus que estava de fora leva toda a culpa.
Acho mais honesto e bonito dizer ao meu irmão que desejo que ele
seja bem sucedido, que oro e torço por ele, que creio que seja possível um
milagre, do que dizer que estou profetizando o que Deus não me mandou
profetizar, do que afirmar que vai acontecer o que Deus não disse que vai
acontecer. É injusto. É brincar com coisa séria. É usar a boa fé de quem passa
por problemas.
O pior é que quando uma profecia não se cumpre, a culpa é sempre
de quem ouviu e não teve fé, nunca do profeta inconsequente que profetizou o
que não veio de Deus.
Creio que homens falam por Deus, ele já falou comigo através de
muitos.Creio que posso cantar o que Deus faz, cantamos nossa história e
isso também glorifica a Deus.
O que eu não entendo é essa gigantesca movimentação nas agências
dos Correios sem que Deus receba e nem envie uma só correspondência.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
O Paulo, o João e eu.
Esta
semana participei do programa de entrevistas “Meia Hora” com João Alexandre na
Koinonia on line, um momento especial pra mim, depois de um programa muito
agradável, ainda tive a grata surpresa de conhecer o Paulo César (Logos) no
final.
O
João e o Paulo fizeram parte da minha iniciação musical. O João pela sua
história como cantor e compositor, seja na carreira solo ou com o grupo
Pescador, ou Milad, ou VPC. O Paulo por tudo que fez com o Elo e depois com o
Logos.
A
música é uma linguagem universal, sons e palavras nos emocionam e marcam
momentos da nossa vida. Quando ouço antigas canções me sinto transportado no
tempo. A canção me faz lembrar de onde eu estava quando a ouvi, traz de volta
os sentimentos que na época sentia, as pessoas que estavam ao meu redor, a
canção traz de volta os mesmos sonhos da época, a mesma inocência juvenil, o cheiro
do local e a emoção que impulsionava o coração.
Nenhuma
lembrança que guardo da vida na memória pode ser tão bem revisitada como no
momento em que ouço a trilha sonora que a embalou. Pra mim, a música encurta o
tempo que passou tornando-nos jovens de novo, nos inspira a mergulhar no sonho
do seu universo como faz uma criança, e eterniza momentos do coração como se fôssemos
imortais. É uma dádiva de Deus ao homem. A melodia, a harmonia e o ritmo estão
em todos os cantos da natureza, a poesia está no coração e na boca do homem e a
inspiração está no seu íntimo onde o Espírito de Deus o ensina.
Encontrar
esses dois caras me fez viajar no tempo como um Marty McFly na máquina de Emmett
Brown em “De volta para o Futuro” do século 21. Foi como encontrar pela
primeira vez pessoas íntimas que viveram comigo toda a adolescência e juventude
através do meu velho Stereo System CCE.
Cada
LP de VPC, MIlad, Elo, Logos, Som Maior, cada composição do João, do Paulo, do
Guilherme Kerr, do Bomilcar, do Sérgio Pimenta, do Janires, cada entonação da
voz de cada um deles, do Jorge Camargo, da Cíntia e da Sílvia, enfim, todo este
universo, fez parte da atmosfera do meu crescimento.
Se
eu sou saudosista? Quem não é?
O
moderno pra mim hoje, será saudade pra mim amanhã. Como bem escreveu Belchior,
e muito bem cantou Elis:
“Nossos ídolos ainda
são os mesmos
E as aparências não
enganam não
Você diz que depois
deles não apareceu mais ninguém”
É
assim que eu sinto.
Tem
muita gente fazendo muita coisa boa na música hoje. Tem muita gente compondo
ainda com poesia e consciência, mesmo no nosso universo musical tão carente de
reflexão e teologia. Esses heróis da resistência com certeza fazem parte de uma
linhagem nascida talvez na sinceridade e temor do rei Davi, e que passou por
estes meus mestres, destacando que ainda estão na ativa e bem ativos. Agora me
sinto desafiado e por eles encorajado a fazer parte dessa gente. Gente boa de
coração. Deus me ajude todo dia.
Alguém
pode pensar que eu seja contra toda e qualquer manifestação musical dos dias de
hoje, absolutamente não. Eu me sinto um garimpeiro na margem do rio procurando
brincos para os ouvidos e não só para as orelhas, e tenho ouvido muita coisa
legal, mas eu não sou crítico, apenas observador.
Não
sou o saudosista que se fecha para o mundo de hoje, só não quero ser de um mundo
hoje que não tem saudade de sua bela história. A história me faz entender de
onde foi que eu vim, me faz ver os acertos do passado pra que eu seja sábio em reproduzi-los,
e me aponta os erros cometidos pra que eu nunca os repita.
Esses
personagens da minha história me ensinaram muito à distância, e hoje, aos
poucos, a história corre no tempo e me alcança pra minha cura. Pensava eu que
havia perdido muito tempo, mas “se penso, logo existo”, então ainda vivo pra
pensar tudo de novo. Que bom.
Agradeço
a vida por estas oportunidades, e agradeço a Deus pela graça que me deu a vida.
Confira - http://www.koinoniaonline.net/meiahora/meiahora_19.htm
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Ainda há tempo
"Os meus pais sempre pareceram ter a mesma idade,
sempre os olhei e aparentavam ser imutáveis até que de repente, não sei por
que, notei que envelheceram."
"Os meus filhos sempre pareceram pequenos sempre com o mesmo jeitinho infantil e indefeso, até que de repente, não sei como, percebi que cresceram."
"Sempre me senti o mesmo, do mesmo jeito, imutável, insistentemente jovem até que de repente, numa investida esportiva qualquer, percebi que o tempo tinha me feito mais velho."
Essas frases fazem parte do nosso envelhecimento, e
as ouvimos sempre. Engraçado, o tempo e sua relatividade.
Isso me fez pensar que só começo a perceber o efeito do tempo no dia em que
começo a ter consideração pelo que me cerca.
Não sou filósofo, e sei que nem tudo acontece da mesma forma pra todo mundo, mas no meu caso que vivi uma história de correria desvairada, de trabalho insano, foi bem assim. Coisas e pessoas pareciam não envelhecer porque eu não me importava com elas, simplesmente não faziam parte das minhas preocupações, quando percebi que realmente eram importantes, elas simplesmente se foram.
Não sou filósofo, e sei que nem tudo acontece da mesma forma pra todo mundo, mas no meu caso que vivi uma história de correria desvairada, de trabalho insano, foi bem assim. Coisas e pessoas pareciam não envelhecer porque eu não me importava com elas, simplesmente não faziam parte das minhas preocupações, quando percebi que realmente eram importantes, elas simplesmente se foram.
Eu penso que enquanto aquilo que eu vejo não fizer
parte do meu mundo, não fizer parte dos meus interesses, sempre me parecerá
imutável, falsamente eterno, até eu mesmo.
Corremos como loucos pra ter muito na vida e
perdemos o melhor da vida que deveria ser muito pra nós.
Eu pensei: “Me preocupo com todas as coisas que
sempre existirão e sempre terei tempo pra elas, enquanto as que realmente
importam passam sem que eu perceba.”
Isso é verdade, você se preocupa com o comércio que sempre estará aí, com a sua profissão que existia antes de você e continuará a existir depois da sua partida. Você se preocupa com o dinheiro que sempre existiu e sempre existirá. Você se preocupa com a sua carreira, com o consumo, com a ilusão das coisas que nunca deixarão de existir, você sempre terá tempo pra elas, enquanto aquelas que passam, e nunca mais voltarão, ficam congeladas no tempo do universo do seu desprezo.
Aquilo que não me importa, parece que sempre estará lá, imutável, do mesmo jeito, quando enfim acordo e vejo que é importante, e descubro que posso perdê-lo, aí então parece que o tempo decide correr da noite para o dia tudo que não correu antes. Pura ilusão temporal. São os fantasmas da aceleração do tempo que me atormentam, e trazem com eles a tristeza de ter passado por tudo que não percebi que vivi. Parece que pra compensar o tempo do descaso que vivi, o próprio tempo acelera e passa rápido me punindo, pois agora decidi me importar.
O tempo vai passar sempre, é impossível detê-lo,
pena que só percebo que passou, quando se foi. Todas as coisas na nossa vida
passarão, podemos escolher se queremos passar cada segundo com elas ou apenas
perdê-las da noite para o dia como se passassem num piscar de olhos. A vida
passa e precisamos passar por ela junto das coisas que Deus nos deu, e que
realmente importam.
Bom é passar o tempo passando por tudo que o tempo
me dá a dádiva de passar. Bom é passar o tempo cuidando de tudo que Deus me dá
a dádiva de cuidar, meu lar, minha família, meus filhos, meu ministério, e inclusive
de mim mesmo.
Só tenho hoje pra viver o hoje. Mesmo que eu não perceba, já vivi o ontem, e se não acordar, nem vou notar quando viver o amanhã.
Nunca seremos mais nem menos por ter o que mundo diz que precisamos ter, mas seremos com certeza mais felizes se vivermos a vida da maneira que Deus desejou que vivêssemos.
Nunca permita que o tempo passe sem que você perceba que ele está passando pra tudo que é importante pra você, sem que você passe tudo que Deus te deu junto com ele.
Só tenho hoje pra viver o hoje. Mesmo que eu não perceba, já vivi o ontem, e se não acordar, nem vou notar quando viver o amanhã.
Nunca seremos mais nem menos por ter o que mundo diz que precisamos ter, mas seremos com certeza mais felizes se vivermos a vida da maneira que Deus desejou que vivêssemos.
Nunca permita que o tempo passe sem que você perceba que ele está passando pra tudo que é importante pra você, sem que você passe tudo que Deus te deu junto com ele.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Pensando na fé
Jesus nos ensinou a não andarmos ansiosos. A
inquietação nos consome. Acredito que este seja um dos maiores desafios do cristão,
ter fé. Não sei se você pensa como eu, mas acho que a fé em Deus pode livrar
uma pessoa da ansiedade, e se a fé nos livra da ansiedade, não é maluco pensar
que há pessoas vivendo uma fé que as deixa ansiosas na espera do que Deus vai
fazer?
Sempre achamos que fé é acreditar em algo
impossível, e é verdade, isso também é fé, mas eu penso que a fé é algo muito
maior do que acreditar que posso receber o que quero, ou acreditar que Deus vai
me dar o que preciso. Pra mim fé também é descansar e acreditar que posso viver
sem o que acho que preciso, pois Deus cuida de mim.
É engraçado, temos fé pra que Deus nos dê o
que precisamos, mas não temos fé pra crer que podemos viver sem o que pensamos
que precisamos...
Eu pergunto - Fé é acreditar que Deus pode me
dar o dinheiro que preciso, ou acreditar que Deus pode me fazer vencer sem o
dinheiro que acho que preciso?
Quando lemos na Bíblia que o justo viverá
pela fé ficamos incentivados a continuar crendo, pois é assim que o justo vive,
mas cabe a pergunta:
Crendo em que?
O justo viverá pela fé em Deus e nos planos
de Deus e não nos seus próprios. Esse é o nosso desafio, crer que Deus é bom e
faz coisas boas, se isso é verdade, então o que eu estou vivendo não deve ser
ruim, deve ter um bom final, pois Deus só faz coisas boas.
Fé é também o nosso jeito de viver.
Dependemos de Deus, obedecemos a Deus, aceitamos o modo de vida que o evangelho
nos propõe. Desejamos ter o fruto do Espírito em nossas atitudes. Fé é saber
que posso viver do jeito que Deus quer, sem tomar caminhos alternativos, na certeza
que minha felicidade estará aí.
Tem gente que tem fé pra receber o que quer
de Deus, mas não tem fé pra fazer o que Deus quer que façam.
Ser um cristão de sucesso nos dias de hoje é
ter o poder através da fé de fazer Deus realizar tudo que se deseja, como se
Deus fosse uma máquina a favor da vontade do homem e a fé fosse a chave que
liga essa máquina. Quem pensa assim se esquece de que Deus tem vontade e
propósito, em também se esquece de que Deus é senhor e nós somos servos.
Há muita gente frustrada, pulando de religião
em religião tentando achar qual é o método religioso que faz Deus funcionar a
seu favor. Não distante disso, há muita gente pulando de igreja em igreja
tentando achar qual é a igreja mais poderosa pra fazer Deus lhe obedecer. A
propaganda mostra gente feliz com carros na garagem, promoções no trabalho e
conquistas indiscutíveis que fazem daquela instituição o lugar certo onde Deus
responde a tudo e a todos, e é ela que você deve escolher. Acho que não é
isso...
Na aflição busco a Deus. Na angústia clamo ao
Senhor. Na dor me refugio no altíssimo. Na dúvida espero sua direção. Só quem
já sofreu sabe o valor da fé. Nunca deixe de crer em Deus, mas faça de sua fé
um ato de dependência e confiança nunca um ato de cobrança ou de autoritarismo.
Devo crer que Deus pode me socorrer? Claro
que sim
Devo crer que Deus pode curar alguém? É óbvio
que sim
Devo ter fé que minha vida será uma vida
feliz com Deus? Lógico que sim.
O que não posso é achar que a minha fé
transformará Deus num ser obediente à minha vontade.
Nunca deixe de crer que Deus se fará presente
em suas dificuldades, nunca deixe de crer que Deus pode fazer milagres em
responder suas orações, mas nunca esqueça que o Deus Pai sabe tudo que precisamos,
e que uma resposta diferente do que você pensou, não implica num resultado
diferente do que o que você necessita.
Penso que Deus sempre fará o que preciso, mas
nem sempre o que quero, pois nem sempre o que quero é o que realmente preciso.
A resposta de Deus pode ser contrária ao que
pensei, mas o propósito de Deus nunca será contrário à minha felicidade.
Hoje, uma religiosidade mesquinha e
materialista, que aponta conquistas e prosperidade como o único sinal da
presença de Deus, o que se prega é que a fé é uma chave pra fazer Deus servir
ao homem, mas na verdade a fé é uma convicção que leva o homem a servir a Deus.
Pense um pouco na sua fé.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
O Milton Nascimento não pensava em nós
Assisti
ao programa “On The Record” do canal Bis com John Mayer, um programa de entrevistas
apresentado por Touré Neblett.
Gosto
do John Mayer como guitarrista e bluesman, ele me faz às vezes pensar que estou
ouvindo um blues pop e clássico texano ao mesmo tempo, e com requintes de Stevie
Ray Vaughan. A carreira Pop de John Mayer não me agrada muito, mas isso é
apenas a minha opinião, o cara é uma celebridade, deve estar certo e eu errado
seguramente. Que bom que não sou o dono da verdade, o mundo fica bem melhor
assim...rsrsrs
Voltando
ao assunto, gosto muito de ouvir compositores falando sobre suas inspirações,
gente que compõe falando no que pensava enquanto compunha, ou o que pensava
antes de compor. Gosto muito de filosofar sobre o acaso que levou o poeta a
descobrir sabedoria e transformá-la em arte digerível para a comunidade de admiradores.
Gosto da contribuição que o compositor dá à humanidade através dos devaneios de
sua reflexão. Gosto de gente que compõe e fala com as minhas emoções e com a
minha razão ao mesmo tempo. Gosto de gente que sente o que fala, tanto quanto
pensa antes de falar. Pra mim, a inteligência de quem escreve, é tão importante
quanto a emoção contida no que escreveu. Pra dizer a verdade só me emociono com
o que entendo. Recomendo este programa com John Mayer e o programa com David
Gray, outro compositor e cantor britânico que admiro.
Não
sou o tipo de cara que procura sons, tons ou palavras que o povo goste de ouvir,
estou sempre à procura de melodias e palavras que possam expressar o que eu
quero falar, independente de quem vá ouvir.
Nesta
entrevista, John Mayer disse algo com o qual me identifiquei. Touré perguntou
se a vida e as coisas que o rodeavam, faziam parte do seu universo inspirador,
John Mayer disse que sua humanidade, seus erros e acertos, enfim, tudo, fazia
parte de seu universo de inspiração, tudo vem da observação e do coração, disse
ele: “Se você fechar o seu coração, você não será mais capaz de fazer música, apenas
fazer gravações”.
Achei
isso fantástico!
Nossa
música cristã está amparada por um sem número de congressos que ensinam “adoradores”
a “adorar”, que ensinam líderes de louvor a levar o povo a louvar. Não sou
contra isso, absolutamente, tudo é necessário, mas sinto falta da filosofia da
coisa. Temos uma prateleira cheia de opções musicais pra nossa Igreja cantar no
domingo, são milhares, ou milhões de CDs lançados todos os meses, e sinto falta
de algo que me soe novo.
Alguém
faz uma música sobre “Estar apaixonado por Jesus”, não faço juízo de valor,
julgo ter sido uma experiência genuína individual de alguém, mas porque fez
sucesso, o Brasil é invadido por uma avalanche de músicas sobre estar
apaixonado. Uma música sobre a Chuva de Deus faz sucesso, de repente, é
enchente de Manaus a João pessoa, de Brasília a Porto Alegre, toda Igreja grava
um DVD sobre a chuva. Uma música sobre Restituição, e todos os compositores do
Brasil recebem a mesma inspiração no dia seguinte.
Estamos
em busca da inspiração perdida ou da fórmula do sucesso?
O
sucesso não é pecado, mas ele vem depois da arte feita, não é produzido por
antecipação.
Quero
ser Lennon/McCartney, e não Fernando/Sorocaba. Nada contra o sertanejo nem
contra dupla em questão, apenas nomes que me vieram à mente, mas quero ser
inspirado pelo que me faz sentir, entender e viver, e não inspirado pelo
sucesso de alguém pra ter o que o “bem sucedido” tem.
No
mundo inteiro há compositores tentando achar a fórmula do sucesso, o elixir da
aceitação pública, o caminho místico que leva ao Grammy, cada dia uma tentativa
nova acontece. O pior é que dá certo, o povo gosta!!!
Lererê
Lererê, é o tchan, eu quero tchum eu quero tchá, tchêtchererêtchetche fulano de
tal e você!
Eu
entendo...todos querem dar certo...vá lá...normal.
Meu
consolo matemático é que por mais longeva que seja a manifestação, um dia o
limite estatístico das combinações possíveis do alfabeto ocidental colocará um
ponto final nessa onomatopeia. É a redenção que espero. Se não viver pra isso,
pelo menos usei e abusei da liberdade de escolha individual do ser humano.
Eu
sei o que você vai me dizer, o mundo musical não existe pra mim, a música é de
todos, eu sei, é apenas o meu direito de falar e ouvir. Quem mandou acessar
este blog...rsrsrsrs
Não
estou dizendo que sou bom, ou certo, e o resto errado, ou ruim, apenas aqui
quero revelar como penso e sinto, e de alguma forma compartilhar com alguns, o
que julgo ser importante. Não sou o dono da verdade, ao contrário do rei
Roberto, esse cara não sou eu!
É
comum ver na terra gente que tenta achar a fórmula, é normal acontecer com quem
só quer a fama, tudo bem...mas não conosco! Não com a gente, não com quem tem
uma contracultura, não com quem tem o evangelho, não com quem deve apresentar a
Deus um culto racional, não com quem deveria pensar pra falar e sentir pra
compor. Não podemos nos auto-plagiar, não estamos procurando o que dá certo, já
temos o que dá certo, precisamos desenvolver a nossa arte.
Não
sou contra o mercado, nem contra o sucesso, nem contra o comércio, eles são amorais, imoral é o homem, é quem se move neles, e do jeito que se move neles.
“Se
você fechar o seu coração, você não será mais capaz de fazer música, apenas fazer
gravações”.
Penso
que temos muitas gravações.
Penso
que tem muita gente gravando e poucos compondo.
Penso
que o mundo não sabe, mas espera pelo que temos a dizer.
Penso
que temos muito a dizer
Penso
que temos que pensar antes de dizer
Penso
que temos preguiça de pensar
Não
quero pensar que somos incapazes de pensar
Penso,
logo existo.
Se
penso mal sou uma aberração da existência
Mas
se penso bem, penso que pode existir uma saída pra nós.
Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece
Como não fui eu que fiz
Certa emoção me alcança
Corta minha alma sem dor
Certas canções me chegam
Como se fosse o amor
Contos da água e do fogo
Cacos de vidas no chão
Cartas do sonho do povo
E o coração do cantor
Vida e mais vida ou ferida
Chuva, outono ou mar
Carvão e giz abrigo
Gesto molhado no olhar
Calor invade arde queima
Encoraja amor
Invade arde carece de
Cantar amor . . .
-
Cê tava cantando pra gente Milton?...Tava pensando em nós?...Não?...Que pena...
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Lembra do skate Bandeirante?
Nunca estou em casa aos domingos de manhã,
mas hoje, devido ao meu repouso pós-operatório (meu ombro tá novinho agora),
aqui estou eu assistindo o mundial de Skate Vertical. Eu me lembro de quando o
esporte surgiu, os primeiros skates chegavam ao Brasil... faz tempo... eu era adolescente
e a Reportagem do Fantástico falava em surf com rodas!
Meu primo Zé ganhou um Skate e eu fiquei
vidrado. A onda eram os Skates Torlay, quem tinha um era o cara. No Brasil a
Bandeirante, fábrica de triciclos e tico-ticos, fazia um skate tupiniquim que
era o nosso sonho de consumo, eu e o Jorge chegamos a ter um usado, que
alegria, um skate Bandeirante...era nacional, mas e daí?
Eram os primeiros passos de uma diversão de
garotos que se transformaria num esporte de alta performance com um circuito
mundial badaladíssimo.
Eu nunca fui skatista, não foi o meu esporte,
mas nessa manhã fiquei paralisado diante da TV, eu estava diante de uma cena
rara. Se os repórteres não dissessem nada, ninguém imaginaria que aqueles meninos,
colegas de skate são na verdade atletas alta performance. O cenário não é um
cenário de competição de alta performance.
Esportes que exigem alta performance dos
atletas são esportes incríveis, plasticamente lindos de se ver e chatíssimos de
se viver. Atletas de alta performance precisam de psicólogos pois há muita
cobrança. Treinos estressantes, técnicos estressantes, reportagens estressantes
de uma imprensa estressante que cobra mais que a torcida. Uma torcida estressante,
apaixonada e doente, que por amor ao esporte se torna violenta!
Patrocinadores querem resultados, a imprensa
se mete até na vida pessoal dos atletas. Muito dinheiro envolvido, cada atleta
precisa se preocupar com seu rendimento, seu contrato, sua imagem, sua
rentabilidade. Empresários pensam em suas carreiras e ganham milhões com esses
atletas. Talvez um atleta assim, sem perceber, destrua o próprio sistema
nervoso e a autoestima em busca de felicidade, um contra senso. Torcedores se
matam, e o país passa a odiar aqueles que perderam um pênalti, ou não
conquistaram uma medalha, e por fim estragaram a vida da nação!
Pior ainda se o adversário for argentino, meu
Deus, isso aumenta nossa vergonha e tira de nós o direito de fazermos piadas
demonstrando ser uma raça superior aos outros seres humanos que vivem num
limite territorial distinto.
Somos Hitler tentando provar a superioridade
da raça ariana diante da incontestável superioridade de Jesse Owens, um negro
que apenas corria por esporte, mas carregava sobre si a responsabilidade de
demonstrar que os arianos seriam subjugados pelo Black Power. Humanos se autodestruindo
emocionalmente pra recuperarem as perdas da vida subjugando outros seres
humanos através do esporte. Que beleza!
Era pra ser só um esporte!
Os garotos do Skate me pareceram tão
distantes disso... A área dos atletas era um pequeno espaço onde todos
conviviam juntos, aliás eles se conhecem! Parecem até que torcem uns pelos
outros. Eles se cumprimentam a cada volta, vibram uns com os outros, e lamentam
quando vêm um adversário errando uma manobra, parece que amam as manobras, amam
ver os twists, os “360º.”, os saltos radicais uns dos outros. O atleta que
falha e cai, lamenta, dá risada e é aplaudido por uma multidão de garotos
também skatistas que vibram a cada manobra, tudo ao som de um bom, e velho
Rock. O comentarista Sandro Dias, também skatista, se delicia com cada um de
seus amigos que competem. Pais e mães dos competidores incentivam e acompanham
seus filhos, ninguém é mais, ninguém é menos, ninguém é superior e ninguém é
careta.
Do estúdio, Ivan Moré pergunta a Tiago
Leifert que está ao vivo na rampa, se há animosidade ou rincha entre os
skatistas e Tiago diz que absolutamente não, então a câmera mostra a
brincadeira entre eles e sua amizade.
Nomes de rapazes talvez desconhecidos do
universo da maioria de nós telespectadores, como Rony Gomes, Mitchie Brusco,
americano de 15 anos, Pedro Barros, Bob Burnquist, Andy Mcdonald, Jimmy Wilkins
ou Marcelo Bastos me inspiraram e acho que me confirmaram uma lição – É preciso
saber viver.
Enquanto isso alguns canais vizinhos no mesmo
instante, e ao longo da semana, transmitem o evangelho de alta performance.
Pessoas são ensinadas a se desgastarem pra serem felizes. É a fé de alta performance,
fé de maior rendimento. Frases como: “Creia mais, se sacrifique mais, doe mais.
Tome posse do que quer, não aceite a derrota, oferte 10% dos 100 que você quer
ganhar, profetize vitória a todo tempo, faça vigília, suba no monte, desça no
vale, faça Deus ficar te devendo!!! Você só será feliz quando Deus fizer o que
você quer!”
Uma fé de alta performance faz Deus melhorar
sua performance. Entendeu?
“Esfregue mais a lâmpada e o gênio da lâmpada
te permitirá 3 pedidos, talvez 12 se ele estiver de bom humor, ou 11 se ele te cobrar
o pecado de Judas...”novesfora”... você ainda estará no lucro.”
Meu Deus, que saudade do skate Bandeirante...
A Igreja da TV se tornou um bom motivo pra
selecionar canais de qualquer outra coisa nos “preferidos” do controle remoto.
Esses garotos me disseram que a vida é bela.
Que tudo que Deus fez é bom. Somos humanos, somos irmãos, somos criaturas de
Deus.
O que estamos fazendo com o mundo que Ele nos
deu? O que estamos fazendo com a diversão? O que estamos fazendo com o esporte?
Ciclismo, um sinônimo de saúde, agora faz
atletas se encherem de anabolizantes e drogas, perdendo a saúde pra ganhar mais
dinheiro? Que loucura!!!
E mais - O que estamos fazendo da fé? Virou
uma corrida? O prazer de celebrar a Deus se transformou num caos? A alegria de
viver com Deus deu lugar a odiar a Deus por não nos dar a vida que queremos ter
longe dele?? Quem é mais ungido? Quem tem mais poder? Quem faz mais milagres?
Qual Igreja dá mais rentabilidade de bênçãos em troca da sua fé?
Alta performance...que loucura!!
Não sei se o cenário do circuito mundial de
Skate é o paraíso, talvez não seja, tive apenas uma impressão hoje, mas
agradeço a Deus pelo que vi. Adultos ou não, atletas ou não, o que importa é
que vi crianças se divertindo.
Todos os skatistas têm patrocínio, roupas,
viagens e altos salários, mas me deram a impressão de que sempre serão felizes
por apenas ter uma rampa pra curtir mais uma volta, aliás, me deram a impressão
de que já eram felizes antes do profissionalismo, curtindo o skate nas praças
onde de forma precária e interesseira o poder público ainda mantém rampas mal
conservadas.
Bem aventurado o que precisa de pouco pra ser
feliz. Mais bem aventurado ainda o que percebe que Jesus é tudo, e infinitamente
mais do que o nosso pouco ou o nosso muito.
Triste ver que aquele ambiente juvenil
deveria ser achado no seio da Igreja, mas sei que em muitas Igrejas ele ainda é
achado, porém as que aderiram ao caminho da mídia parecem andar em outro
sentido.
Ainda bem que Deus não precisa das
instituições “Igreja” pra dar alegria de viver a um garoto.
De alguma forma, o que estas instituições não
conseguem promover dentro de quatro paredes, eles encontraram sobre quatro
rodas.
Num mundo capitalista, competitivo e de alta
performance, esses garotos encontraram vida, quero falar pra eles do evangelho
da salvação. Quero falar pra eles do Pai que criou tudo, do Filho que nos salva
e do Espírito que habita em nós. Quero que eles continuem a me ensinar a ser
simples.
Quero ser parte de uma Igreja que vive a vida
de Deus em comunhão, e que quer ensinar e levar essa vida aos homens.
Acho que esses garotos são o tipo de gente
que precisamos ser, são os missionários urbanos que precisamos ser pra
demonstrar a vida de Deus ao mundo, e são a campainha que deve nos acordar
todos os dias.
Vou comprar um skate Bandeirante, tipo peça
de museu mesmo, e colocar na parede do meu estúdio pra nunca me esquecer do que
vi hoje.
Bem que a Bandeirante poderia voltar a fabricar
esses modelos, eu confesso que desejaria ser um representante comercial só pra
distribuir skates na Rua Conde de Sarzedas... bom, acho melhor não...eu morreria
de fome...
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Porque Vetores?
Pensando neste Blog, me lembrei dos meus dias
de estudante, eu gosto da física e da matemática, me formei em Engenharia Civil
pela Universidade Mackenzie, e na minha mente reapareceram os vetores.
Na matemática os vetores são uma
representação gráfica das grandezas vetoriais.
Exemplos:
- A massa é uma grandeza escalar, se alguém
diz 3 Kg, você entende a massa.
- A distância é uma grandeza escalar, quando
alguém diz 5 metros, você entende a distância.
- Já a velocidade é uma grandeza vetorial, quando
alguém diz 5Km/h, pra entendermos a velocidade
precisamos ainda saber se é na horizontal ou na vertical, depois precisamos
saber se é para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo
Uma grandeza vetorial tem 3 componentes: Módulo
ou Intensidade, Direção e Sentido:
Módulo (intensidade) – 5 Km/h
Direção – Horizontal
Sentido – Para a direita
Um vetor é uma seta, uma representação
gráfica matemática. Ao olharmos pra ele enxergamos o módulo, a direção e o
sentido, uma simples seta nos diz tudo.
Portanto vetores representam a intensidade, a
direção e o sentido de uma grandeza vetorial.
Porque pensei nos vetores?
Porque nossa fé, nossa arte, nossa música, nossa
espiritualidade, em minha opinião, são como grandezas vetoriais, elas tem
intensidade, direção e sentido.
Qual o módulo da nossa fé?
Qual a intensidade da nossa espiritualidade, da
nossa música?
Elas andam em qual direção, e em qual
sentido?
O que estamos fazendo das nossas convicções?
Pra onde vai o nosso cristianismo?
Este Blog está longe de responder estas questões,
mas espero a cada semana postar algumas reflexões sobre o módulo, a direção e o
sentido do nosso cristianismo.
Espero poder contribuir com pessoas que
queiram traçar os vetores da sua espiritualidade, vetores que demonstrem o
módulo, a direção e o sentido de sua fé.
O esperar e o celular
Saber esperar é uma atitude de sabedoria.
Deus tem caminhos muito mais altos que os nossos caminhos, Ele tem planos
maiores que os nossos planos, e enxerga muito mais longe do que nós podemos
enxergar.
No ano passado, meu filho mais velho me pediu
um aparelho celular de Natal. Era o seu desejo. O aparelho era caro e talvez
fosse cedo para que um garoto tivesse algo assim.
Depois de pensar num plano ele me disse que
se ajuntasse dinheiro e não alcançasse o valor total, se eu poderia ajudá-lo.
Percebi que ele desejava mesmo o aparelho, e talvez fosse uma grande
oportunidade para fazê-lo amadurecer mais um pouco. Então disse a ele: “você
pode trabalhar comigo nas viagens da Banda, faça o trabalho de roadie, carregue os equipamentos, ligue
os cabos no palco e assim você vai recebendo uns trocados”, e disse ainda “se
faltar algo depois, eu te ajudo”.
Pra ele era apenas um aparelho de celular,
mas pra mim era a oportunidade de matar muitos coelhos com uma telefonada só.
Percebi que aquela era uma oportunidade.
Enquanto ele trabalhava e esperava guardar o dinheiro necessário, eu agregaria à
vida dele outros valores.
Eu pensei que:
1)
Ele
aprenderia o valor do trabalho para suas conquistas
2)
Quando
adquirisse o tal aparelho seria mais zeloso, aprenderia que sempre cuidamos mais
do que nos custou mais.
3)
Viajaria
comigo e nossa amizade se desenvolveria mais
4)
Ele
me acompanharia trabalhando, cantando e pregando, vendo o meu envolvimento e
meu exemplo
5)
Não
ficaria em casa apenas jogando X-Box.
O que pra ele era apenas um aparelho celular,
pra mim foi uma grande oportunidade de ensiná-lo algo, de fazê-lo amadurecer.
Depois disso me perguntei se Deus não fazia o
mesmo comigo. Tenho sonhos, planos, ideais de vida, importantes pra mim. Peço o
que espero ao Pai, e o que pra mim é apenas um celular, pra Ele é uma grande
oportunidade de me ensinar.
Trabalhamos, oramos e esperamos e Ele nos
ensina.
Aprendemos a viver, agir e esperar o tempo de
Deus.
Aprendi que enquanto espero aprendo a viver
sem o que espero. Enquanto espero, Deus me ensina que é possível viver sem o
que espero.
Aprendi que o tempo é de Deus, meu papel é
fazer a minha parte.
Aprendi também que enquanto eu espero Deus
trabalha pelo que eu espero. Nada acontece do nada. Tudo tem um tempo. Eu
espero, mas Deus nunca está parado. Não dorme nem dormita o guarda de Israel.
Entendi que enquanto eu espero minha comunhão
cresce, minha fé se fortalece, meu coração se acalma e eu conheço mais a Deus.
Aprendi que enquanto espero algo de Deus,
Deus espera algo de mim. Deus espera minha fé, minha paciência, meu trabalho,
minha fidelidade. Deus me faz esperar porque Ele espera minhas reações de
filho.
Assim como espero em Deus, eu acho que Deus
também espera algo de mim.
Como disse Viktor Navorski para Emília (Tom
Hanks e Catherine Zeta Jones) em “O Terminal”:
- Todos
esperar alguma coisa
Todos nós estamos esperando por algo, e temos
um Deus que tem propósitos maravilhosos que estão se cumprindo, enquanto nós
esperamos.
Entendi que Deus é poderoso pra me atender no
que espero, mas mesmo que não aconteça do jeito que eu espero, ainda assim Deus
vai cumprir planos incríveis na minha vida. Talvez o que eu espero não seja o
que Deus deseja, mas isso não importa, não sou feliz apenas em receber o que espero,
mas em viver a vida que Deus espera que eu entenda.
Talvez o que eu desejo seja apenas um caminho
pra Deus cumprir tudo o que Ele deseja pra mim.
Queremos um celular e podemos até tê-lo. Deus
pode nos dar o que esperamos, aliás, ele pode tudo, mas acima de tudo o Pai tem
o desejo de ensinar a vida aos seus filhos, e ele usa todos os meios, cabe a
nós percebermos isso.
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